Santarém, Pará

Esta pequena cidade apelidada de Pérola do Tapajós não sabe receber quem chega de barco. Cada um, agarrado aos seus pertences, vai avançando a custo, por entre dezenas de passageiros que também se acotovelam para sair, saltando de barco em barco até chegar à margem, numa praia onde só os moto-táxis chegam. Nem um cais nem uma plataforma com mínimo de condições para quem chega. Resta-nos arrastar as bagagens pela praia de areia poeirenta. Não se exigiria uma passadeira vermelha mas no mínimo um acesso seguro para os milhares de pessoas que usam a via fluvial. De avião só os que podem e a rede viária praticamente não existe.


Santarém foi fundada em 1661, é a terceira maior cidade do Pará evidenciando ainda sinais da presença portuguesa e uma grande riqueza natural. Porém, está muito longe de reunir motivos suficientemente fortss para atrair o turismo. Num dia visita-se a Igreja Matriz, o Centro Cultural João Fona e está praticamente visitada.


Não venho a Santarém para visitar nada de especial mas simplesmente para estar. A vida corre lenta e quente tal como o grande rio que passa. E assim deambulo pela cidade... Embora sem a exuberância e agitação que existe noutras cidades, a orla aqui é muito agradável sendo recompensada com o encontro dos rios Amazonas e Tapajós como plano de fundo.


Vale a pena visitar o museu do Centro Cultural João Fona, não pelo escasso acerbo históricos mas para conhecer o Sr.Laurimar Leal, um septuagenário afectado por cegueira originada por glaucoma, que dedicou parte da sua vida a desenvolver com paixão o que ali existe hoje exposto, desde mobiliário antigo, cerâmicas e quadros por ele pintados. Homem de bom trato e afável, já expôs em Portugal, a convite do presidente da câmara de Santarém e por isso nos recebe com redobrado prazer.




À noite a música enche o Terminal Fluvial Turístico. Uns juntam-se à volta de umas bebidas e acompanham os acordes, outros continuam a percorrer o calçadão ao sabor do calor e da música que paira no ar. Casais e grupinhos trazem cervejas, ligam o som dos carros e por ali ficam igualmente á conversa. Não faltam barraquinhas de tira-gosto, churrasquinho, tapioca e bebidas mas não há cafés, confeitarias bares ou discotecas. Tudo o que há é natural e é assim, de forma simples, que se vive muito calmamente nesta pérola debruçada para o imponente Amazonas.

Sem comentários: