Canal do Panamá

Três elementos naturais fizeram do Panamá o lugar adequado para construir um canal que ligasse Atlântico e Pacífico: um istmo estreito, um rio caudaloso e um regime de chuvas abundantes.

Lago Gatún
Centro de observação de Gatún

Embora os oceanos estejam ao mesmo nível, existe entre eles o Lago Gatún, um enorme corpo de água artificial que se situa a 26 metros de altura sobre o nível do mar. Para ultrapassar esta elevação foram construídas eclusas com a finalidade de elevar os navios ao nível do lago e baixa-los de novo em operação inversa, através de um sistema de vasos comunicantes pelos quais a água flui por acção da gravidade.
Mas nem tudo é perfeito!
Para permitir a entrada de um navio na primeira eclusa, são vertidos no oceano cerca de 100.000m3 de água doce e outros tantos à saída na ultima eclusa para descer ao nível do mar. Os três grupos de eclusas são formados por 88 comportas e cerca de 250 válvulas, uma obra prima da tecnologia do início do século XX.

Miraflores Locks
Miraflores Locks

Com o objectivo de transitarem pelo canal, poupando o tempo e o combustível que uma viagem de circum-navegação pelo Cabo Horn obrigaria, a construção de navios ao longo dos últimos anos foi sendo ajustada às medidas máximas do canal. Estes navios são chamados PANAMAX. Para auxiliar a passagem destes navios pelo canal, existem locomotivas eléctricas, localmente apelidadas de "mulas", que rebocam e mantêm os navios centrados evitando o contacto com as paredes das eclusas.

Navio de contentores na eclusa antiga, ao longe um navio LNG a transitar na nova eclusa

Locomotiva de construção Norte Americana

Em média um navio permanece entre 24 e 30 horas nas águas do canal embora a duração média do trânsito para navegar os cerca de 80 quilómetros sejam só 8 a 10 horas. O tipo e dimensões dos navios em trânsito por dia, os navios sujeitos a navegação diurna ou navios sem marcação de slot, influenciam a duração do transito. Por vezes cria-se um backlog quando os navios excedem a quantidade de slots disponíveis e portanto não há espaço para todos não esquecendo que o transito se faz nos 2 sentidos. É esta mistura de factores que limitam a quantidade de trânsitos diários autorizadas sem comprometer a segurança ao longo do canal. Dada a importância que tem para um armador que a passagem do canal se faça sem atrasos muitos slots são reservados a longo prazo ou seja muitos navios já têm data/hora de passagem reservada a meses de distância.



As chuvas abundantes são a fonte de alimentação do lago artificial de Gatún e sem estas o Canal do Panamá não funcionaria. Para tal é fundamental a manutenção do ecossistema da bacia hidrográfica sendo o seu controlo uma das prioridades básicas da administração panamenha. Quase todos os parques naturais são protegidos para que não haja construção ou desflorestamento e a natureza preservada para funcionar em equilíbrio permitindo a natural ocorrência de chuvas fortes que vão alimentar o lago e fornecer também água potável às cidade de Panamá e Cólon.


As novas eclusas inauguradas em 2016 permitem a passagem de navios de maior dimensão, da categoria NEOPANAMAX e têm uma sistema de reaproveitamento que permite poupar cerca de 60% da água doce que é vazada nos oceanos em comparação com as antigas tornando-se assim mais eficientes mas substancialmente mais caras. O canal do Panamá é a principal fonte de receita do pais. Em média um navio da classe PANAMAX rende $600.000, um NEOPANAMAX pode atingir $850.000. Podemos observar o funcionamento das eclusas e passagem de todo o tipo de navios no centros de observação de Miraflores perto da cidade de Panamá e de Gatún perto da cidade de Colón.

Centro de observação de Miraflores

Sem comentários: