TCS New York Marathon 2019

Quase todos nós gostamos de desafios, de traçar metas e superar objectivos. Não fujo à excepção e tendo sido desafiado pelo meu filho, tracei como objectivo para 2019 realizar a minha primeira maratona. Para tal, nada como estrear-me em grande escolhendo uma Major Marathon. É assim que vou parar a Nova Iorque com mais um grupo de amigos runners


Chegámos na noite de Halloween, a noite ideal para esta cidade que nunca dorme, fazer jus ao seu epíteto e aos foliões darem largas à imaginação. Junte-se o espírito aberto de um nova-iorquino mais uma boa dose de álcool para imaginar a folia que deve ser a noite... Pena que o bom senso nos orientasse para uma noite tranquila no hotel não esquecendo o propósito da viagem nem o treino da manhã seguinte. Bem cedo fizemos meia dúzia de quilómetros em Central Park, para reconhecimento do final da prova e ambientação ao tempo frio que se fazia sentir. Centenas de outros atletas faziam o mesmo.


A entrega de dorsais e feira da prova acontecia no Jacob K. Javits Convention Center, um moderno centro de convenções e exposições. É a partir daqui, num cenário totalmente decorado a TCS New York Marathon que se sente o espírito do evento e começa o verdadeiro countdown para a prova.



A organização de provas a nível mundial não se limita a pôr as pessoas a correr, proporciona normalmente aos participantes um espaço de ambientação, convívio e compras. Para além da loja oficial de merchandising podiam-se encontrar vários expositores de equipamento e alimentação, vários spots para fotos, uma zona para os media, etc.


Nota-se que a cidade se prepara para o seu grande evento anual, afinal são esperados mais de 60.000 participantes e acompanhantes. Caminhando pela cidade vamos-nos cruzando com outros participantes, ou porque já vestem a t-shirt oficial, ou porque circulam em grupo com roupa da equipa.

 

Aproveitando o tempo livre visitamos a sede da Organização das Nações Unidas, em Midtown Manhattan, junto ao East River. Curioso registar que houve mão de Oscar Niemeyer no projecto final da sede. A visita guiada só nos permitiu o acesso a dois órgãos:

 

Assembleia Geral: o principal órgão deliberativo onde todos os Estados-Membros da Organização, constituido por 193 países, se reúnem para discutir os assuntos que afectam a vida de todos os habitantes do planeta.


Conselho de Segurança: órgão cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. É daqui que gerem os capacetes azuis espalhados pelo mundo em zonas de conflito.


Sendo uma área internacional, facilmente nos cruzamos com pessoas de todas as nacionalidades, facilmente nos cruzamos com africanos, asiáticos e árabes trajando impecavelmente as suas vestes tradicionais. Apesar de vazios, estes dois espaços transmitem imponência, respeito e cidadania que podia resumir a uma única palavra: unimultiplicidade. Algures numa parede, um quadro da autoria de Dag Hammarskjöld, transmite-nos o seguinte recado:

The UN was not created to take mankind to heaven, but to save the humanity from hell.

03/11/2019
O despertar aconteceu às 5h00 da manhã, faltavam 5 horas para a partida...! 
O autocarro saiu do hotel pelas 6h00 para atravessar a Verrazano Bridge antes desta ser encerrada ao tráfego devido à prova. À chegada ao local de partida, junto ao Hudson, todos se agasalham com roupa quente e plásticos para enfrentar cerca de 3 horas de espera ao frio. 



Dada a quantidade de participantes na maratona, a partida é distribuída por vários locais e diferentes horas de partida. Eu saio às 10h10. O tiro da partida é acompanhado pela simbólica New York New York cantada por Frank Sinatra.
Um momento de exaltação, todos batem palmas, a adrenalina está no máximo!
É indescritível o apoio dos nova-iorquinos ao longo dos condados que a prova percorre. Desde pequenos grupos a tocar música, a dezenas de pessoas a distribuir água, fruta, sal e palmas, sempre muitas palmas e palavras de incentivo.


Sob uma enorme moldura humana, sobretudo após a entrada no Central Park, onde milhares de pessoas aplaudiam incansavelmente os atletas nos últimos quilómetros da prova, completei com sucesso a minha primeira maratona: 3h 48min



Ainda mal refeitos dos 42,195 km já caminhávamos em direcção ao Madison Square Garden para assistir ao jogo New York Knicks vs. Sacramento Kings. Um espectáculo dentro de outro espectáculo! Os americanos não brincam, cada segundo não jogado vale muito dinheiro, tudo é pensado ao pormenor na publicidade, na promoção de valores e marcas. No final, uma experiência muito agradável num ambiente acolhedor e de mutuo respeito entre as equipas.


Dia seguinte à maratona não foi dia de descanso... havia um tour pela cidade para fazer. Pela manhã saímos em direcção ao Bronx. Este bairro, com um passado polémico e associado ao crime, alberga hoje uma grande comunidade hispânica e o Yankee Stadium. Muito marcante foi a passagem por um dos bairros de judeus ortodoxos: uma comunidade fechada em si para defender os hábitos tradicionais mantendo-se afastada das modernices do século XXI.


Muito agradável atravessar a pé a Brooklyn Bridge. Sem qualquer conexão, vem me à memória a letra da Bridge Over Troubled Waters de Paul Simon e Art Garfunkel. Mais sentido e pesado é o ambiente em torno do Ground Zero. Apesar de toda a informação que recebemos, não creio que consigamos ter a noção e dimensão da tragédia vivida pelos nova-iorquinos. 



Saldo final muito positivo, uma grande experiência, um fantástico grupo de amigos Porto Runners


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