Virgin Money London Marathon 2021

Enquanto a pandemia não nos permite viajar, com segurança, para países mais distantes ou exóticos, vamos aproveitando para viajar na nossa Velha Europa, desta vez não não como turista mas como desportista. Surge assim a Virgin Money London Marathon como próximo objetivo num interregno de ano e meio praticamente sem provas internacionais. E seria mais uma a contar para as seis World Marathon Majors.

Face às restrições impostas pelos países, em matéria de testes e vacinação, tivemos de apresentar um PCR negativo à partida do Porto. Já previamente agendado com uma empresa acreditada, seguiram-se mais dois testes no segundo dia em Londres. Um PCR para poder circular e ainda um teste rápido para apresentar à partida da prova caso fossemos selecionados para controlo.

Ao longo dos meses a situação foi evoluindo na incerteza e até ao dia da partida era sempre uma dúvida se algo iria correr mal a ponto de suspenderem a prova a exemplo de outras maratonas na Europa.

Já em território britânico foi surpreendente constatar que a maioria das pessoas não usava máscara, somente no metro porque era obrigatório e porque o distanciamento é quase impossível. A recolha do dorsal teve lugar no ExCel London onde decorreu também a feira de merchandising dedicada à prova. Aqui, todos usavam máscara ou não fossem na sua maioria os atletas receosos de contrair o vírus e ver a sua participação negada por falhar os testes de sábado.


Apesar de aparentar alguma tranquilidade, por dentro escondia-se um grande nervosismo. Isto porque vinha de um período de lesões e uma contratura surpresa na semana anterior que me obrigou a suspender as ultimas sessões de treinos e visitar o osteopata num derradeiro esforço para recuperar e seguir viagem para Londres. O que iria acontecer na prova seria portanto uma incógnita!

O tempo ameaçava com frio e alguma chuva por estes dias, esperando-se melhorias para o dia da prova. Como não estava propício a grandes passeios pela cidade, este resumiu-se a pontos mais turísticos como Buckingham Palace, Westminster Abbey, Big Ben, London Eye. O passeio continuou, no dia seguinte à prova, por Trafalgar Square, Picadilly Circus, para desentorpecer as pernas.

Felizmente as previsões cumpriram-se e assim o domingo amanheceu frio mas sem chuva. Cerca de 2 horas nos separavam da partida. Estávamos em Greenwich Park. A relva, ainda molhada, não permitia que toda aquela massa humana pudesse sentar e comodamente aguardar. Sentados em plásticos estrategicamente levados para o efeito, de pé a conversar ou aproveitando para tratar dos ajustes finais nas barracas de apoio, os minutos lá foram passando. Chegada a nossa hora de partida de repente tudo fica mais simples, os problemas ficam para trás, somente segue na memória a frase do João Barbosa: Esta está feita! 

Como tive direito a um pacer privado, os 42,195 km até passaram mais rápido. O objetivo era gerir o esforço para evitar o reaparecimento de lesões, mantendo o ritmo necessário para fazer um tempo que recompensasse todo o esforço despendido nos meses na preparação desta maratona.

O "muro" dos 30km chegou e com ele se inicia a verdadeira maratona. Até aqui trabalharam as pernas, daqui para a frente vai ser a mente a tomar conta do assunto. O desgaste aumenta, os quilómetros até à meta diminuem, o apoio do público é enorme, por vezes demais, recebe-se aquela motivação e energia que falta para colocar um pé à frente do outro. A ultima curva chega, corre-se para a meta com renovada energia e alegria não só porque o cenário é surpreendentemente olímpico mas porque termino mais uma maratona em boas condições superando, surpreendentemente, todas as incertezas dos dias anteriores. 

Valeu a companhia do Rogério 🙏 sempre a manter-me no ritmo certo, concluindo assim em 3h40m30s na posição 328 entre os 1449 seniores na categoria 55-59. Embora o objetivo fosse as 3h30m não foi mau, retirei 10min ao tempo de Nova Iorque.

Esta está feita!

A equipa maravilha, não satisfeita com os 42k da manhã, passou a tarde a deambular pela cidade entre Victoria Station, Vauxhall Bridge, Westminster Bridge acabando no Moo Cantina Argentina para recarregar baterias com uma bela dose de proteína antes de regressar ao hotel, com mais 10 km acumulados nas pernas. Apesar de se prever algumas mazelas nos dias seguintes importa é estarmos todos satisfeitos com esta experiência vivida em grande amizade e camaradagem.

João Coelho - Carlos Almeida - Rogério Calvo - João Barbosa

Outubro 2021

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